
Há uns poucos anos eu tive uma conversa com um amigo. Nessa conversa surgiu um impasse, o qual eu marquei com o ditado: se correr o bicho pega, se parar o bicho come.
Meu amigo, um sujeito inteligentíssimo, disse-me que o jeito era andar. Eu pensei naquele momento nas respostas que eu tentara dar ao enigma e, até então, resultaram inúteis. Mas agora havia uma solução. O enigma estava resolvido, por fim.
O fato é que constatei outro problema: caminhando será fatal o cansaço, o que levará a uma parada e então... não, sem chance, o bicho não vai se dar bem.
Bem, sábado passado eu estava com meu filho no barbeiro, quando uma conversa com outros dois cidadãos teve início. Um deles dizia que as tarifas que estavam cobrando por seus préstimos mal davam para cobrir os gastos, pagar as contas.
À primeira brecha entrei na conversa, queria saber a que atividade se referiam. Eram donos de uma empresa que aluga caçambas para coleta de entulhos de construções e outros.
Até aí tudo bem, nada de anormal. Mas quando perguntei o que achavam do risco que essas caçambas ofereciam aos motoristas, por ocuparem lugar junto às guias nas ruas, recebi como resposta que a lei garantia a utilização das tais. Certo, é verdade que a lei garante, mas o que a lei não garante é a segurança dos motoristas que se chocam com elas, as quais carecem de sinalização adequada por falta de manutenção. Tecemos vários comentários e citamos uma vasta casuística a respeito, mas, nada concluímos: eles a favor e eu contra, só.
O bicho é a necessidade que faz com que não se interrompam atividades de risco aos outros; sobreviver é preciso. Pará-la está fora de questão; seriam comidos pelo bicho, então continuam e até se entristecem ao enterrar seus mortos. Mas, só até as lágrimas secarem, as cortinas baixarem e se abrirem, para, então, começar o próximo ato.
Que pena!