Um sábado qualquer de minha existência. Mas, um sábado do qual sempre me lembro.
Terminadas as aulas no Ginásio Municipal - tínhamos aulas até aos sábados pela manhã -, nos reunimos como sempre e procuramos saber qual era a boa para o dia, melhor, para a noite. O Gilmar, parceiro desde os tempos do segundo ano primário - era assim que contávamos as séries naquele tempo -, me adiantou que um conhecido estaria se casando e haveria uma comemoração à noite, na casa da noiva.
Isso era tudo o que precisávamos saber. Uma festa de casamento. O sábado prometia: muitas garotas, talvez uma cerveja e batidinhas. O mais importante era chegar com o convidado, pois afinal ele era o passaporte para a entrada. Depois de muitas perguntas e orientações sobre onde seria e a que horas deveríamos nos encontrar para prosseguirmos juntos, cheguei à conclusão que acertaria chegar lá, caso houvesse desencontro.
Cheguei em casa, almocei e desci para encontrar outro parceiro de aventuras mil: o Valdir. Anunciado o programa para aquela noite e alguma conversa sobre como poderíamos nos dar bem, nos despedimos e cada um tratou de se organizar para o casório do sábado à noite.
A noite caiu acompanhada de uma chuva fina. Isso era mau. Naquela época não havia asfalto em Duque de Caxias, como há hoje. Era muita lama, bastava uma garoazinha e lá estávamos todos em apuros, particularmente em relação ao binômio sábado/festa.
Bem, o fato que quero contar começa aqui. Eu morava numa encosta de morro que tinha um outro à frente determinando um vale, cuja região era totalmente ocupada por moradias. Nossa casa era alugada e ficava nos fundos e acima da residência do proprietário, “Seu” Altivo, o que nos propiciava uma vista privilegiada do lugar. Da varanda de casa ou do muro sobre o barranco podíamos assistir às aproximações das aeronaves em pouso no Aeroporto do Galeão, o que me impressionava muito. Mas, nesse dia, não se via qualquer aproximação, porque, hoje sei, o teto estava muito baixo devido à tal chuva e à camada de nuvens stratus que cobria o morro em frente até quase à altura dos postes de iluminação pública. Foi nesse cenário que vi algo do qual nunca me esqueci e acho mesmo que nunca vou me esquecer.
Caminhei uns cinqüenta metros até chegar na casa do Valdir e o chamei. Ao lado morava a Regina, irmã de outro amigo, o Paulinho “Cesária”, apelido maldoso que ganhou devido à enorme cicatriz que ostentava no abdome, fruto de uma cirurgia não sei de quê. Comentei com ela o ocorrido enquanto aguardava o amigo. Ela, naturalmente, não acreditou e ainda fez alguma chacota. Contei ao Valdir que só riu, como de praxe e seguimos em busca da festa.
Não encontramos o Gilmar, amassamos todo o barro que alguém poderia amassar numa situação semelhante e, para nossa decepção, não encontramos a tão desejada festa. Pelo que o Gilmar disse no dia seguinte, passamos várias vezes próximo ao local e não o identificamos.
Hoje, com meus cinqüenta e dois anos, ainda me pergunto o que teria sido aquela visão do 14 Bis.
Ah, uma pequena coincidência da qual não posso esquecer de comentar, a rua em que morava no número 137 chama-se até hoje Santos Dumont.
A despeito das possíveis hipóteses, eu não consumia substâncias alucinógenas; é bom dizer.
Imagem obtida de: http://www.google.com.br/imgres?q=14+bis&hl=pt-BR&biw=1280&bih=890&gbv=2&tbm=isch&tbnid=vaLnyXdd2u_22M:&imgrefurl=http://www.photoshoptotal.com.br/papel-de-parede/1154/santos_dumont_14_bis&docid=ogfgtH2TIHIeUM&w=561&h=421&ei=sbpuTpf4BcO2tweqis2NCg&zoom=1&iact=rc&dur=776&page=8&tbnh=131&tbnw=172&start=210&ndsp=30&ved=1t:429,r:29,s:210&tx=115&ty=81
não poderia ser uma pipa em formato do 14 bis?
ResponderExcluirou um balão? desses de são joão, sabe?
Sim, poderia.
ResponderExcluirObrigado por comentar.